segunda-feira, 28 de julho de 2014

Do Turismo

Lisboa, e Portugal no geral, tem recebido distinções internacionais como destino turístico. Contudo, o estudo do turismo não merece o mesmo respeito no meio académico, que outras áreas de investigação.
O turismo faz-se, não se estuda. Era essa a noção com que me deparei quando iniciei a Licenciatura em Turismo e os amigos me perguntavam se eu estava a estudar para ser turista.
Uma década depois, continuo a ter dificuldade em que me levem a sério fora da Universidade do Algarve. Duas tentativas falhadas para conseguir uma bolsa da FCT, pensei tentar o crowdfunding, mas os gestores da plataforma não estão recetivos.
Só a partir do reconhecimento científico do Turismo conseguiremos o respeito pelos seus profissionais e conseguiremos ser campeões na hospitalidade.

domingo, 20 de julho de 2014

O corpo perfeito e a realidade. Por Juliana Doretto

Chegou o verão aqui na Europa e, com ele, o meu desconforto em usar biquíni. Ir à praia para mim é sempre revelar em público as limitações do meu corpo: a gordura indesejada na barriga; as coxas volumosas demais; a celulite; as estrias...
Com o tempo, a imensidão do mar e a calmaria que ele me traz me fazem esquecer, por momentos, a protuberância na região abdominal. Mas, antes disso, na hora de tirar o short, vêm uma certa vergonha e a lembrança das horas não passadas na academia.
Cuido da alimentação e não sou nada sedentária, apesar de detestar os instrumentos de tortura da musculação. Mas Deus ou a genética ou minha dieta (ou os três) deram-me gordura em locais que me fazem fugir do corpo escultural. E, pelo que olho na praia, a Divina Providência fez várias mulheres assim, como eu.
Nas mais novas, a barriga “chapada” é minoria. Nas mais velhas, há marcas da gravidez e da gravidade. Mas não somos nós, com quilinhos demais e músculos rijos de menos, que aparecemos nas capas de revista e no cinema.  Pelo menos não nos dias de hoje.
Estava num posto de gasolina do Algarve, região com praias magníficas, no sul de Portugal, quando entrou na loja de conveniência uma moça com padrões corporais iguais aos das revistas vendidas ali também. Eu, que fui atendida depois da bela senhora, ouvi os comentários dos funcionários sobre as suas qualidades físicas. Eles falavam, nem sempre com palavras muito suaves, de seu corpo escultural, da sua boa altura, de suas curvas bem desenhadas.
Então, parece que nem sempre os estereótipos ficam só nas fotografias das modelos: os homens, de vez em quando, os incorporam.
Gostaria de dizer que as mulheres aceitam o corpo que têm e o que escrevo aqui tem a ver apenas com as minhas inseguranças. Mas os relatos que ouço de outras mulheres me fazem pensar que não estou sozinha nessa sensação.
A observação também me ajuda na confirmação dessa tese. A praia europeia permite o topless. Não é escolha da maioria, mas também não é opção só das que se encaixam nos padrões de beleza contemporâneos. Há mulheres com mais idade (e mais ação da gravidade) de peito nu. E há as que estão “com tudo em cima”, seja lá o que for esse “tudo” e esse “em cima”.
O olhar dos homens banhistas é, em geral discreto, feito de modo a não despertar a atenção daquela que está sendo admirada. As mulheres, por sua vez, fixam os olhos no peito alheio. O que pensarão elas? Reprovação pela seminudez? Inveja dos seios rijos? Desejo de ter coragem de fazer o mesmo? De todo modo, é inegável que o espelho do corpo feminino alheio desperta reações nas mulheres.
De volta à cidade, me olho no espelho de casa, protegida dos olhos públicos. Viro, desviro. Vejo as gordurinhas que me incomodaram na praia. Relativizo algumas, confirmo o desgosto por outras.
Pondero: caminho seis quilômetros, três vezes por semana. Busco, sempre que possível, seguir a dieta mediterrânea. Não irei muito além disso: é o que estou disposta a fazer pela saúde e pela forma. Se decido não gastar mais horas com meus músculos, o que posso fazer? O jeito é aceitar o que sou, comprar uma roupa de banho confortável e me entregar ao mar. Dentro dele, nem me lembro de que tenho um corpo.
Texto originalmente publicado em: http://epoca.globo.com/colunas-e-blogs/ruth-de-aquino/noticia/2014/07/bo-corpo-perfeitob-e-realidade-por-juliana-doretto.html

domingo, 13 de julho de 2014

Os pequenos prazeres da vida

A vida é uma luta constante. Andamos sempre num lufa-lufa quotidiano que nos esquecemos de aproveitá-la. Viajar é um pequeno prazer ao qual eu não tenho tido oportunidade aceder como seria de esperar de alguém que se formou em Turismo (ainda que no ramo de marketing). É como diz o ditado: "em casa de ferreiro, espeto de pau".
Este fim-de-semana, por força de querer ser uma boa anfitriã, vi-me a passear pelo Algarve e deleitar-me com a sua gastronomia e beleza natural.
Viajar também é um ótimo contexto para desenvolver laços de amizade, novos e antigos.
Adorei o nosso passei,o Juliana e Raquel!

domingo, 6 de julho de 2014

Parabéns Laura!

Hoje foi um dia muito especial para a família Serrenho-Dias. A nossa princesa completou 2 anos e recebeu o sacramento do batismo. Foi uma cerimónia simples e bonita e uma festa alegre com a inestimável presença dos nossos queridos amigos e família. Mesmo quem não pôde comparecer, não deixou de nos enviar mensagens de parabéns.
A minha pipoca doce estava muito fofa, no seu vestidinho branco com laço castanho e os seus caracóis a emoldurar a sua carinha. Como é pequenina, tive receio que não conseguisse apreciar tudo o que preparámos para ela, mas quando cheguei a casa e lhe perguntei se tinha gostado da festa, ela respondeu que sim.
A mãe foi batizada ainda em bebé, mas eu tinha a idade da Laura. À falta de foto da Laura, aqui fica uma do meu batizado. Dizem que ela é parecida comigo ;)

domingo, 29 de junho de 2014

Ir a banhos

Sendo algarvia, da zona litoral, é um pouco importuno para mim ter de fazer um percurso de mais de meia hora de carro para molhar os pézinhos, porém existem outros atrativos que não encontro em Portimão.
A minha zona favorita de veraneio é a de Cascais/ Estoril, pois culmino sempre o meu dia com um gelado no Santini e um passeio para ver as pitorescas villas de tempos mais afortunados.
Outra alternativa é ir para a Costa da Caparica. Aí já é um programa de família, que normalmente inclui um almoço no restaurante do Barbas (embora eu seja simpatizante do Sporting), onde recentemente degustámos açorda de lagosta.
Onde também se come bom marisco é em Sesimbra. O areal é convidativo, embora depois tenhamos de subir a ladeira se não encontrarmos lugar para estacionar lá perto.
Também fui à outra margem, ao portinho da Arrábida. Mais um percurso para testar a nossa forma física, mas é um regalo para os nossos olhos. Só não petisquei por lá, por isso não posso dar o meu voto, mas afiançam-me que é de provar.
Sim, por cá, ir a banhos contempla comes e bebes, devido à distância a que fica da nossa própria cozinha, porém sempre podemos optar (a crise a isso incentiva) a levar um farnel.
Bons banhos!

domingo, 22 de junho de 2014

Toda mulher é meio Carrie Bradshaw. Por Juliana Doretto

A série “Sex and the City” estava no auge, mas eu não estava. Era início dos anos 2000, e, no meio do curso universitário, acreditava que aquelas quatro americanas nada tinham a ver com meu presente nem diziam nada sobre meu futuro.
Mas a história anda, e dez anos depois, redescubro o programa, em madrugadas insones e sem Copa da Mundo na TV portuguesa, defronte à minha tela de 14 polegadas.  E só então entendo de onde veio o sucesso.
As roupas de Carrie Bradshaw ajudam, é claro, mas – infelizmente –, não é com o seu guarda-roupa que me identifiquei. Aos 20, quando o programa era febre, eu acreditava numa regra que até então tinha funcionado em minha vida: “Esforce-se e terá”.
Com isso, eu tinha atingido todos os meus objetivos, que eram modestos, mas me pareciam enormes naqueles anos: a universidade disputada, o primeiro salário, o emprego no jornal. Até nos namoros as coisas iam bem.
Como não ter o casamento perfeito, Charlotte York? “Esforce-se e terá”. Como você pode ficar tanto tempo sozinha, Miranda Hobbes? “Esforce-se e terá”. Como não consegue se adaptar a Paris, Carrie? Já sabe o lema...
Depois de um divórcio (unilateral, e o lado não foi o meu), de uma passagem frustrada pela Europa do leste, de decepções no trabalho, de uma lista de recusas em revistas e congressos acadêmicos – e de muitas sessões de terapia –, eu aprendi que a regra do “Esforce-se e terá” tem seus furos (e eles podem ser mesmo enormes). O que não me fez deixar de insistir no mantra, veja bem. Mas percebo hoje que às vezes não se consegue “ter”, por maior que seja o empenho. E que a vida não se torna menos suportável por conta disso.
Acompanhar as desventuras das quatro amigas virou rotina sagrada, e a cada episódio eu via todas as minhas idiossincrasias nos relatos das americanas. O sonho de Charlotte de se casar novamente, de noiva (quero sim, por que não?); sua vontade de ser mãe (meu relógio biológico faz tique-taque); a reviravolta nos objetivos de Miranda (a carreira é meu norte, mas eu também preciso de todos os outros pontos cardeais); a descoberta do prazer do corpo de Samantha (sim, senhora, tudo tem ficado melhor com a idade...).
Eu não sei como Carrie consegue sustentar seu estilo de vida sendo apenas colunista de um jornal mediano, nem como seu apartamento pequeno pode guardar tantas roupas. Aliás, ninguém precisa de tanta grife. (O que não quer dizer que comprar um par de sapatos de sonho não faça bem. Como me disse uma amiga: “Comprar acalma...”). Mas não é isso que importa. Quero sim uma vida com um pouco de glamour, mas desejo sobretudo o conforto de me saber (e de me dizer) complicada.
Não é uma questão de idade: nem todas as mulheres de 30 mostram suas contradições com certo orgulho, conscientes do drama que é viver. Há gente com 20 que já virou essa chave, e outras com 50 que ainda não a descobriram, e gostam de se vender como se fossem planas como uma dessas TVs que se anunciam em época de Copa. Que gente mais chata...
Eu não gosto do drinque Cosmopolitan (ícone da série), mas sinto uma imensa necessidade de tomar café com amigas e contar meus dilemas, vitórias e desgostos, assim como as protagonistas. Fingir choro, provocando riso. Chorar de verdade, despertando carinho. Fofocar, contar, gargalhar. Eu fazia isso aos 20, mas agora já sei que, com certas amigas, poderei ter esse tipo de conversa a vida inteira. E isso é tão bom...
Texto originalmente publicado em: http://epoca.globo.com/colunas-e-blogs/ruth-de-aquino/noticia/2014/06/toda-mulher-be-meio-carrie-bradshawb-por-juliana-doretto.html


quinta-feira, 19 de junho de 2014

Sardinhas ou Caracóis

Bem sei que a tradição nos arraiais é comer sardinha assada sobre pão caseiro, mas apesar de ser algarvia, não vou muito à bola com o peixe, então rendo-me aos caracóis. E por falar em caracóis (e bola), a nossa seleção precisa de sair da casca. Preferia que os nossos jogadores fossem mais como as sardinhas e fossem mais difíceis de engolir.
Estes são os atuais temas de conversa nos cafés e supermercados: sardinha ou caracol e futebol. Consequentemente, esta é a altura ideal para o nosso Governo passar a perna ao povo. Estamos todos distraídos com as festas dos santos populares e com o mundial de futebol. É uma tática que vem dos tempos romanos, a política do "pão e circo" de César, para diminuir a insatisfação do povo para com os governantes.
Na realidade nós precisamos de muito pouco para sermos felizes. Basta haver sol, termos um petisco numa mão e uma cerveja na outra, e estarmos na praia ou numa esplanada a ver futebol, que ficamos consolados. Mas deveríamos antes pôr os nossos corninhos de fora para sermos nós a servir sardinhas aos governantes, daquelas bem magrinhas para as espinhas serem difíceis de engolir.
Que os Santos nos acudam!